Um capítulo da história de outras vidas


UM CAPÍTULO DA HISTÓRIA DE OUTRAS VIDAS.
(Como a de Salomão, que fica mais distante. E está na Bíblia).

...Ele era homem de se apaixonar. Não importava quantas mulheres já tivesse. Elas eram tão belas e tão alegres... Não se satisfazia em só admirar. Precisava tê-las, obtê-las, chegar mais perto. Como se só assim pudesse se acalmar. Fazia dele mais homem. Mais 'rei'. Acreditava ter mais respeito onde chegasse, porque homem que é homem, sabe conquistar. Casos que só Freud explica. Muitas, desperta o lado sexual. Poucas, para ser amigas. Assim era para ele, as mulheres.

Até que vinha outra e mais outra e mais outras. Quão magníficas eram. Ele nem pôde mais contar.

Mais da metade da sua vida. Mais para mais que para menos. Quando tudo parecia já ter sido vivido. Corpo alma e espirito querendo se aquietar. A esposa fiel do seu lado. Ele olha para ela agradecido por não ter sido abandonado. E pensa satisfeito: "Agora sou eu e você, meu lar..."



Até que um dia ela chega. Tão simpática. Tão reluzente. Tirando todo o silêncio de casa. Trazendo vida novamente onde parecia que, para sempre, seria apenas calmaria. Insuportável calmaria. Ele tentava se acostumar.

"Miserável homem que sou. Quem me livrará do corpo desta morte?". Romanos 7:24

Assim que viu ela chegar, alguém quase grita: Não!!! Não!!! Não... Por favor, não se apaixone novamente...!!!
Já era tarde. Os gritos não saíram do pensamento. Se externados, seriam ignorados. Quem pode um homem assim, dominar?

Lá se foi mais uma amizade querida, daquelas boa para toda a família. Menina disposta também a ajudar. Ele fantasiou. Ele apaixonou. Ele no mínimo, tentou. E a afastou. Corações despedaçados e mais anos de reconquistas, de um casal que nunca se despediram. Também nunca estiveram lado a lado.

Das inúmeras vezes de paixões correspondidas e vividas. Uma ou outra viravam fantasia. Isso também é de admirar. A sedução atinge aqueles cujo prazer da carne é quase um cultuar. Vivem eles, alheios. Há até quem diga: "melhor estar vivendo, que escrevendo, apenas a observar".

Assim eles acreditavam ser o amor...

Lá estava ele, mais uma vez, esquecendo aquela que lhe trouxe alegria. Agradecendo pela sua mulher que unia a família. Tendo que esquecer e acreditar que a paixão não precisa acompanhar o amor. Tão provado. Tão machucado. Tão vivido. Bem como tão abandonado. Uma mistura constante de expectativas, êxtases, amor, prazer e dor.


Quem escreveria sobre o outro lado? O lado mais frágil, que via nele um homem que precisava ser amado. Sem mais conseguir amar como se devia, por tanto machucado... de quem também necessitava ser amada. Lembrava com constância como um dia ele também fora por ela apaixonado. Como se as lembranças a fizessem reafirmar que em nome do amor e da família, valia à pena estar ao seu lado. "É só mais um caso. Vai passar..." Precisava suportar a infidelidade como parte constante e integrante do seu casamento, desde o mais remoto passado. Será que seu coração também experimentou a infidelidade sem ser vivida? Ou foi fiel, como a raridade? Mulher virtuosa e idônea, forjada por Deus ao seu amado? Só ela poderia ao mais fiel amigo ou amiga, se afirmar ou se expor.


Ele. Ela. Eles. O esposo. A esposa. As amantes. As que foram apenas fantasias... Um dia, passariam. O que guardava o coração de cada um? Como entender todos sem julgar? João 8 conta uma história que Jesus conseguiu fazer isso, denunciando todos aqueles que pareciam ser mais fiéis. Nas ações, nas intenções, nos corações. "Atire a primeira pedra" quem nunca pecou, não peca e garante que não vai pecar... Saiu um a um, creio de cabeça baixa. Mas outros ainda a murmurar.

Quem observava e escrevia, orava e parece que Deus ouvia, movendo cada um para o seu lugar. A força do poder "em favor da família"! Mas, às vezes, até parecia que esse mesmo Deus não tinha o poder de fazer o casal se satisfazer, se completar, se reapaixonar.

Você também não acha interessante as tantas histórias que já ouviu de homens, mulheres e amantes, e o fato do homem, apesar de tantas, não abandonar "o seu lar"? Aquela mulher que um dia decidiu, olhou, se moveu, construiu, reconstruiu, reconquistou e por onde ele andou, teve que dizer: sou casado. Esse era de fato o seu estado. E não permitiu chegar ao "divorciado". Falando assim, quase chegamos a admirar. Se ele tivesse voz na história, talvez dissesse, rindo ou envergonhado: "Eu não sou só isso. Que injustiça! Não é bem assim como está a contar..."

Histórias do nosso dia a dia. Quem não conhece um casal assim? Quem às vezes não olha para Deus e diz: Tu tens o poder e deixas assim? Ah Deus... como seria bom se todos os casais fossem de fato feliz. E faz a sua autojustiça parecer mais justa que o Justo Juiz?


"Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim: mas nós não alcançamos
Porque está sempre apenas onde pomos
E nunca pomos onde nós estamos."
Vicente de Carvalho


Só sei que nada sei. Mas continuo a acreditar. Fé. Esperança. Alegria. E amor. Talvez se mais pessoas reacreditassem fosse mais possível vivenciar. Ficaria só em páginas de livros para serem lidos e suspirados ou enfim teremos a coragem de escrever histórias novas em nossas vidas? Onde a parada. O retorno. A sabedoria pode fazer observadores darem testemunhos de que a Palavra de Deus restaura casais e família. Não como um peso. Mas em plena satisfação, fidelidade e alegria? Quer um fato triste e um feliz? Continuo apenas escrevendo sobre relacionamentos. Mas acreditando que o amado vai chegar.


"Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer; antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro; no dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas, e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos, e se escurecerem os teus olhos nas janelas; e os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem; no dia em que não puderes falar em alta voz, te levantares à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem; como também quando temeres o que é alto, e te espantares no caminho, e te embranqueceres, como floresce a amendoeira, e o gafanhoto te for um peso, e te perecer o apetite; porque vais à casa eterna, e os pranteadores andem rodeando pela praça; antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade. O Pregador, além de sábio, ainda ensinou ao povo o conhecimento; e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios. Procurou o Pregador achar palavras agradáveis e escrever com retidão palavras de verdade. As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem-fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor. Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más."

Eclesiastes 12



Ao Deus das Crônicas, histórias, descrições, sentimentos, graças, misericórdias e perdões.
Ao Deus da família. Seja ela das reconquistadas, das nunca violadas, das reconstruídas depois de divórcios e viuvez e das que ainda nascerão. Tomara que com menos erro e idolatria e o verdadeiro amor de Deus nos corações. Seja assim minha breve oração. Amém.



Érica Patricia
17 de Junho de 2021__

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