O olhar de amigo
Vou fazer um poema, mas de memórias. Já tive amigos de verdade? Temporários, tive. Quem os roubou de si mesmos de toda aquela simplicidade e verdade? Daquelas amizades de passar horas no telefone ou encontrar às 2h da tarde para comprar uma caneta e vir embora no último ônibus para casa, sentada numa praça, conversando. Amizades que quase viram namoro, com homens. Amizades que eram apenas amizades, com homens. Quantas coisas abriam para mim. Dom lindo de vê-los falar sem nenhum esforço, em confiança. Sem decepção. Partilhas com amigas de profundos do coração. Como era bom a confiança recíproca. Sabia que sei de pessoas que fizeram aborto na adolescência? Segredos que morrerão comigo. Percebo que eu era menos julgadora. Ainda não tinha tanto posicionamento na vida. Não conhecia as consequências. Depois de tudo isso, tornei-me mais chata e educadora. Tantas amigas e amigos. Tantos jeitos, histórias, momentos diferentes da vida. Aqueles 30min numa espera que redundou em 30min de conversa ...