Conto. A máquina de lavar.


Conto.
Detalhes de um passado do que foi 
uma máquina de lavar roupas chegar numa casa.
Por: Érica Patricia.

A época de meus pais não é a mesma que a nossa. Família grande era comum e morar tempos em casa de parentes era corriqueiro. Tanto, que crescemos com vínculos familiares grande, e pessoas sempre moraram conosco. Era uma forma de ajudar e também de ser ajudado. Necessidades são grandes e crianças demandam mil e um afazeres.

Apesar de que subir de nível é ter mais conhecimento; e ter mais conhecimento é poder saber porque os casais de hoje querem menos filhos. Ao menos dá não só para sustentar e saber onde ele está, dá para acompanhar e não deixar que a vida se encarregue de cuidar.
Não era o nosso caso, não mesmo, mas acompanhei casos assim na família. Por mais que fossem zelosos, é impossível saber as necessidades e cuidar de 6 ou 18 filhos numa casa. A educação vira alimentar e higienizar. Tenho histórias de todo tipo para contar. Converse com cada um e verá as faltas que faziam os pais em determinados momentos que se precisava deles e tiveram que se virar.
Bem, eu era aquela grudada neles. Ainda assim tive traumas a superar.

Quero contar uma história pessoal. Metafórica e também literal. O dia que a máquina de lavar chegou na nossa casa. Coisa difícil, facilitando a vida...
Será? Será que tudo depende do coração, afinal?

Sou Érica Patrícia, "a primeira filha mulher". "A filha mulher mais velha". A terceira filha, de um casal que só tinha dois meninos. Se um dia virar um livro posso mudar o nome; colocar em terceira pessoa; tornar uma história distante, como o que me acostumei a fazer. "Finge que não foi com você". E assim a gente ganha forças muitas vezes para vencer. Ao menos mais um dia.

Meus pais tiveram mais outra menina. E seguiu com mais dois meninos. 6 filhos.

Primeira menina.
Alegria para o papai, menina a ser bajulada.
Alegria para a mamãe, alguém para ajudar na casa!




Toda história contada tem as versões de cada pessoa participante. Tem o que "pegava na massa", tem o que só observava, tem o que provia e o que apenas se beneficiava... Esta é a minha versão. Não da principal, os principais eram meus pais, os donos da casa; mas de quem estava mais perto e ganhou mais responsabilidade na missão.

Aqui em casa fui eu que batalhei para sensibilizar o coração de painho a comprar uma máquina de lavar para mainha. "Para mainha", porque é assim que se diz. Ela é a "rainha do lar". Como se o benefício não fosse para todos.

Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu...Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei  Isaías 43:1.4

Parece mesmo que desde pequena, Deus me chamou para ver e sensibilizar com coisas básicas que muitos fazem questão de não querer ver. Falo assim mesmo. Porque tudo aqui sempre e ainda é uma batalha para melhorar algo. A começar da disposição do coração. Até que um dia, depois de uns 5 anos, em 10minutos, se resolve aquilo que não se queria, a começar do coração. Porque o dinheiro, o que era dito no início, vira mera bobagem que se tinha, mas não se tinha disposição. Sabe aquela porta do armário rangendo há meses ou anos e que não quer fechar? Um belo dia, eu via meu pai em 15minutos consertar. Isso era tão comum que eu olhava para ele, pensando: "mas porque ele deixa a gente sofrer tanto sem ajeitar?" Talvez o não estar em casa como quem fica, não perceba o quanto incomoda. Como aquele político que passou a primeira vez numa rua tão cheia de buracos que no outro dia mandou consertar; o que os moradores pediam e oravam há anos: "Por favor, Deus, faz o político tal olhar para cá".

Interesses próprios, em alguns momentos. Mas também, em alguns casos, não ter dinheiro para prover aquela necessidade. Em alguns, sim, claro. Era muita gente para um "bolso" só. A realidade de muitas casas. E olha que fomos meio bajulados.

A hora do 'vamos ver', chega, quando o dinheiro chega e o que se faz com ele. Então se tira a prova do que é importante para você.

Ele não enxergava mesmo. É daqueles homens (Como muitos da geração dele. Eu trabalho e 'boto dentro de casa' e você cuida da casa). Hoje, para nós é que grita essa postura, mas para ela, para eles, pessoas da geração deles, normal demais. Tenho certeza que falo aqui de muitas e muitos mamães e papais. Que não se sensibilizava no trabalho da esposa, não importa a idade. Não importa o que aconteça. Mas via ele cuidar dela como criança, sem esperar de nós, quando ela fazia cirurgia. Fez 6 ou 7 cirurgias ao longo da vida. Sem falar nos 5 partos normais. Glórias a Deus, com vitórias e nas mãos de bons médicos e anestesistas.

É tão comum, que ouvi num culto uma vez: "Não custa nada os homens ajudarem suas esposas! Homens, sejam mais sensíveis. Lá em casa mesmo se minha esposa adoece, eu lavo a louça, faço a comida com todo amor..." 

E minha mente parou ali: 
__ Deus? A esposa dele tem que adoecer para ele perceber que está sobrecarregado para ela? 

Trabalho demais, cansa. Causa fadiga, até emocional. Hoje sei porque minha vó tinha depressão. Palavra que nem se falava na época e que era o "jeito dela" de ser, caladinha e não falar muito com ninguém. Poucas foram às vezes que a vi sorrir. Tem casas que são verdadeiras empresas, sô, com uma única empregada e um único patrão. E um montão de filhos a acordar, comer, vestir e dormir. Dá tempo de educar? Nós 6 fomos. 5 com cursos superior. Mas nem é a realidade da família de painho (6 irmãos, com ele 7. Só ele terminou estudos); nem de mainha (17 irmãos, 11 viveram, 12 com ela. Só ela estudou até o científico. Terminou já casada com meu pai, e não continuou).

Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador. Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus. Isaías 43:11,12



Depois de aposentado(!), painho nos surpreendeu de como faz algumas coisas em casa. E bem! Mas Mainha, apenas continuou... Só não mais com a excelência do tempo que começou. Os olhos não vê mais o que o cansaço cegou.

Eu falava para ele que ele teve aposentadoria, feriado, férias, Domingo; e ela é de Domingo a Domingo, desde criança, a partir da casa dos pais dela. Sem ter direito a um mês de férias num hotel, sem ter que "ajudar", na casa que estava.

Entender isso é ter que encontrar alguém para ajudar(R$), então ele nunca entendia. E ficava contra. Bem como meus irmãos foram crescendo e se parecendo. Referências e pais são copiados até que se venha algo de fora. Para melhorar ou para corromper. Somos frutos desse todo que cada um vai decidindo o que quer ser, buscar, parecer. Mas tudo parece normal, e é, desde que alguém não comece a se incomodar.

O seu direito termina quando começa o do outro. Fazer a lei chegar na nossa casa, como bem, tentando não ir para a justiça que determina sem emoção, e "a partir de agora" é obediência, querendo ou não, é como trazer a terceira guerra mundial. Nenhum morto, todos feridos e alguns que demoram a levantar. Com mentes e corações partidos. Tudo para o outro e a justiça, em amor, não enxergar. Aquela conversa franca: "verdade, precisamos resolver, o que fazemos até lá?". Negar é não querer nada mudar. Os anos se passam...

Eu e minha irmã ajudávamos mainha. Sim! Na roupa a lavar! kkk São tantos sentimentos que os pensamentos parecem não combinar. Algumas tias quando moravam conosco, também. Eu lavava pouco e já feria minha mão de eu não conseguir mais lavar.
E ela continuava tudo sozinha. Grávida ou não. Com anemia ou não. Serviços domésticos tem que ser feito. Muitas vezes, ainda pequena, vi mainha precisando de mais ajuda. E muitas vezes, depois de grande, vi que eu não podia tomar para mim, o que ela deveria conquistar e construir. Era a família dela.

Dia de tirar lençóis, toalhas, roupas, meias, fardas, inclusive de 6 filhos, de si mesmo e marido, era coisa de pensão. Meus irmãos aproveitavam para escorregar no terraço, onde molhávamos tudo, lavando a roupa. Era a ajuda deles. 3 mulheres. 5 homens. E mais agregados. Sempre tinha mais alguém morando conosco. Sempre.

Detalhe? Minha irmã fazia como queria e a "responsabilidade" era mais minha, que era "mais velha". Algum irmão mais velho por aí?

Uma vez, ainda adolescente, ouvi mainha dizendo a alguém:
__ Ela reclama porque peço muito a ela, mas é que ela faz melhor... A mais nova é mais desajeitada.

Ah que bendito dia. Eu já chorava por toda carga e pressão em cima de mim. As chantagens e ordens tinham que ser obedecidas. Só eu. Eles não. Eu era mais obedientes e os outros mais dissimulados. Sobrava para mim. Que não queria o coração dos meus pais ferir, que sensibilizava com a condição dela... mas o tempo passava. E os anos, calada... parecia até que eles tinham descoberto uma forma de não perder o meu trabalho. Apenas o meu trabalho.

Eles usam a mesma estratégia hoje para manter o controle de minha vida.
Não importa o que aconteça. Eu estou errada e "divido a família ", "eu sou má". Dá até cansaço de ouvir. E assim eu estou com eles, ainda enquanto eles são agradáveis e amam meus irmãos na minha frente. Sendo da minha parte, "ciúmes" ou "inveja", por perceber o que não dão a mim. A começar de respeito.
Eles se acostumaram a me humilhar. Pensando com isso me prender. Tudo o que me preocupei com eles, eles fazem o contrário para mim. Continuam querendo que eu sirva meus irmãos. Principalmente depois de lerem meus cadernos de sonhos e verem que mulher que ora, Deus resolve a questão. Então, quiseram roubar e o fizeram por algum tempo: a minha benção para eles. Tentaram me adoecer para aquelas bençãos não acontecer. E Deus me fazendo cada coisa vencer. 

Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? Isaías 43:13

Eu pensei que o amor fosse fácil de nascer. Um dia cresci e vi que cresci sozinha. Eles tinham uma vida distante de mim. Onde eu estava eles nunca estavam. Onde eles iam não era meu perfil de ir. Conversas foram ficando cada vez mais raras e um belo dia percebi que eu era uma estranha na minha casa. Então eles começaram a cada dia mais me tratar assim.
De repente, como um passo de mágica, todos sentiram minha falta e começaram a me procurar e tentar aproximar. Sem nenhuma palavra. Me assustei. Precisei fugir.
Viagens e voltas, sem nunca ter saído de casa. Mas ó como muitas vezes precisei. Silêncios de amigos encontrei.


Eu sei que isso é a realidade de muitos que teve família, cristã ou não, e conviveu em família grande. Comece a abrir o coração e verá sempre: "o egoísta se justificando e enricando, enquanto o humilde serve de degrau para ser bonzinho e encontrar o sorriso mendigado de quem está disposto a ir longe, para não perder o posto de subir em você. Ao invés de ficar do lado".

Não. Nem sempre é "estudado", os estudiosos só estudaram. É só praticado mesmo. Um é o Reino de Deus. O outro o império do inimigo que pensa que precisa "eliminar", para vencer. "Vencer o outro", até nas emoções, para prosseguir.
Nascemos separados de Deus, os pecados que tem aqui, sei que tem em muitos lugares. Talvez ainda precisando abrir portas para conhecimento e mudança.
Uma máquina de lavar roupas precisa chegar aí?

Eu sou o Senhor, o vosso Santo, o Criador de Israel, o vosso Rei.
Isaías 43:15

Quando ouvi sobre eu ser mais cogitada por fazer melhor o trabalho, guardei, mas calei. Eu era uma conchinha que não falava nada. Mas sentia. Um dia, expressei tudo o que vivia, dentro de mim, dentro de casa, fora de casa, a pressão do calar me gerou depressão. Foram longos anos que Deus curou para nunca mais voltar. Pessoas é que sentem saudade dessa pessoa que fui e nunca mais pretendo ser. Ela era mais fácil manipular. Eu hoje, sou difícil de enrolar. Deus me fortaleceu e me libertou.

Não era mainha a maior missionária? A dona da casa? Com meus afazeres cada vez mais, ela se se anulou. Também ferida de não ser ouvida nem atendida. Se conformou. E pouco a pouco eu ia assumindo as funções dela, quando ela abandonava cada vez mais.

Assim diz o Senhor, o que outrora preparou um caminho no mar e nas águas impetuosas, uma vereda... Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.
Isaías 43:16.18

"Opa. Pára."
Foi o dia que tudo começou a mudar na minha casa. Devolver as funções aos donos da casa, quase me deixa deserdada. Está sendo uma longa e dolorida batalha. Virei a filha digna de ser desprezada. Não sabiam? A outra regra quando a gente vai crescendo e não sai de casa, porque quer casar bem, e não como uma desesperada, é tomar conta da casa dos pais, mesmo que eles não sejam doentes, e dos filhos dos irmãos. Minhas missões e funções cresciam sem eu ter colocado um filho no mundo. Sem ter um marido. Por ainda estar com vida pacata com relação a namoro, esperando no Senhor um homem que viesse me amar de verdade.

Virei vítima fácil, frágil e constante. Tive que lidar ainda com outra batalha: A calúnia e difamação. Nossa que dificuldade e que preço foi não querer mais lavar a roupa suja da casa. A máquina de lavar estava comprada! Fui eu que convenci meu pai a comprar! Foi mais por ela que por mim. Eu me alegrava o quanto a poupei em não precisar mais lavar na mão. Ela nunca se alegrou assim. Como "tanto fez, tanto faz". Eu ainda hoje estou a expressar a alegria que foi para mim: a máquina de lavar. 

Eu só queria sair de casa abençoada e escutava tudo o contrário. Está em êxodo 1. Alguns dos inimigos tentam nos vencer pela emoção. E no cansaço.


Deus é o que faz as paredes ouvirem. Foram muitos anos depois, para ter coragem de me libertar de ajeitar os "desajeitados" ou omissões gerais de todos os outros irmãos que desajeitavam e muitas vezes zombavam. Ninguém sabe o que é irmãos homens adolescentes em casa. Que crescem e ficam mais adolescentes ainda. porque eu era mais "zelosa". Fala também o coração de quem queria ser uma filha. Não a "empregada aconselhada".

A pressão é beeeemmmm grande por parte de todos. Quem quer perder o serviço de graça? E passar a fazer e até ajudar outro? Egoístas só querem receber. Não sei como é nas suas casas, mas aqui os pecados eram multiplicados, pela quantidade de gente ser maior. Pelas pessoas que se agregavam. Rsss

Até hoje considero, para uma casa, de benefício (fora o básico), uma das melhores invenções. A máquina de lavar roupas. Para mim ainda é mágico como sai quase seca a roupa sem nenhum trabalho de nossa parte. Só quem fazia, sabe. De repente está tudo no varal, em pouco tempo o sol seca e você tira roupinhas cheirosas. Até que o tempo da chuva chega... e até estender e tirar, vira coisas que não é mais tão cordial. A roupa suja continua sendo muita. Quase vira outra batalha não ser multiplicada pelos que agora chegavam. Genro, noras, netos, aqueles que acrescentam na família de forma natural.

Com máquina de lavar ou sem máquina de lavar. Duvido muito que sejam muitos os 'sem máquina de lavar'. Dizem e repetem para gente que "roupa suja se lava em casa "; Mas, um belo dia você pode ter que buscar uma lavanderia; ou contratar uma lavadeira; ou. ainda, continuar na canseira. Só não pode desistir de lavar. Se não nem terá roupa limpa para vestir. Nem esperança de renovar.

Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo.
Isaías 43:19




03.Abril.2021
Patricia

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